É uma dor crescendo
Um aperto no útero
Um desconsolo no peito
Saudade dos meus meninos
Crianças
Que eu podia ninar
Crianças
Um aperto no útero
Um desconsolo no peito
Saudade dos meus meninos
Crianças
Que eu podia ninar
Crianças
As embalamos no colo
Secamos suas lágrimas
Sopramos o remédio
Direto na dor
Secamos suas lágrimas
Sopramos o remédio
Direto na dor
São nossas as mãos que procuram
Quando tropeçam nas pedras
Crescidos choram escondidos
Rejeitam tua mão
Tuas palavras
São adultos
Não te reconhecem mais
Não te reconhecem mais
Murcho o olhar sob a chuva
Embaçando a montanha
Que na rigidez de seu prumo
Me acolhe
Nesses dias de Inquisição
Não me condeno à fogueira
Fiz o melhor (que conhecia)
Retiro da farmácia o mercúrio
Que todas as feridas me ardam
Sangrem
Rasguem
Mas imploro cura para as deles.
Que todas as feridas me ardam
Sangrem
Rasguem
Mas imploro cura para as deles.
Márcia Leite
(imagem: William Adolphe Bouguereau)
Um comentário:
Márcia,
É um prazer visitar seu blog, tão recheado que é de poesia das boas: com essência, expressão, encanto pela vida!...
Com este post também me identifiquei bastante, já que comungamos o sentido da maternidade, ao qual nos doamos em concomitância às dádivas recebidas! Apesar de os filhos crescerem e se "espraiarem" por aí, sempre voltam para o nosso aconchego!!!
Virei sempre aqui para compartilhar do sentimento universal das "mulheres delirantes" que somos...
Passe também pelo meu blog!
Saudações poéticas :)
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