terça-feira, 21 de outubro de 2008


Gostaria de acreditar, como Clarice, que ‘dou para o mal’.
Seria muito mais leve carregar culpas e devoções mal exercidas.
As velas arderiam por mais tempo à cabeceira
As lágrimas da parafina seriam bem-vindas queimando os dedos.
Aceitaria com resignação as mentiras de hoje
- penitência a cumprir
Uma visão mística seria bem-vinda clareando a madrugada.
Terços e terços se revezariam na minha garganta até o deserto esperado, onde talvez encontrasse um oásis dentro da falsidade das noites.
Se eu acreditasse...
Márcia Leite


Alongo-me entre os galhos da roseira,
arranhando os ânimos amortecidos pelas mentiras.
Mentiras que matam a vontade de rosas.
Mas apenas por um instante.
No seguinte, já me reconheço flor,
e desabrocho
com cheiro de manacá.

Márcia Leite