quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Na pele da noite (lunarium)



vesti a pele da noite
e sem que soubesses
era eu a lua na janela
que  te inspirava
palavras de amor às outras

que resgatava tua alma
entorpecida na borda dos lagos
congelados nos copos
da solidão dos desencontros
do desespero dos poemas brancos

lua das vontades esparramadas
sobre o vazio das ruas
acariciando teus passos
tua tristeza infinita
teus olhos de abandono

hoje, quando não ousamos mais segredos
- nem içamos velas de sonhos
posso te dizer:
era  eu
aquela lua de outono.

Márcia Leite

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