que blasfemava contra a vida - trinta vezes seguidas - a cada nascer do sol. Visões diurnas de felicidade gemiam aquele réquiem, tremiam solitárias entre os sopros de escuridão. As crianças da casa nada pareciam perceber, rodeadas por anjos imensos, cujas asas douradas alcançavam o céu, sorrindo luz de seus reflexos direto sobre elas. Todos gritaram por Deus, choraram Marias, imploraram Arcanjos, mas só o Nada respondia. Sanhaços tombavam das árvores ressecadas, aos bandos, cachorros uivavam tentando morrer como lobos. O poeta, no quarto, sorria vendo a casa em ruínas. A resposta estava lá, percebi a tempo, tomei-lhe a caneta que delirava serena e risquei o fim do mundo do seu poema.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Imaginário
que blasfemava contra a vida - trinta vezes seguidas - a cada nascer do sol. Visões diurnas de felicidade gemiam aquele réquiem, tremiam solitárias entre os sopros de escuridão. As crianças da casa nada pareciam perceber, rodeadas por anjos imensos, cujas asas douradas alcançavam o céu, sorrindo luz de seus reflexos direto sobre elas. Todos gritaram por Deus, choraram Marias, imploraram Arcanjos, mas só o Nada respondia. Sanhaços tombavam das árvores ressecadas, aos bandos, cachorros uivavam tentando morrer como lobos. O poeta, no quarto, sorria vendo a casa em ruínas. A resposta estava lá, percebi a tempo, tomei-lhe a caneta que delirava serena e risquei o fim do mundo do seu poema.
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