(nem todas as santas são Teresa
nem todas as mulheres são santas, luas ou marés)
a Sexta desfalece nas ladeiras
quase morre na Paixão
Ele passa
envolto no manto das Dores
Marias dos Terços seguem o cortejo
outras se espalham pela tarde
Madalenas acenam véus de abril
escondendo pecados por baixo das saias
poetas silenciam nos bares
e todas as Teresas (santas ou não)
aparam lágrimas no peito
o cão o bêbado o mendigo
o músico o tonto e o bandido
eternizam seus olhares de sarjeta
só quando o bonde range os trilhos na esquina
- e a lua se insinua no colo da sacada
tudo volta tudo urge tudo fala.
Márcia Leite, em Versos Descarados, 2007 e Engenho Urbano, organização
Márcio Catunda, Oficina Editores, 2012.
Imagem: Vicariato Episcopal Urbano, Procissão do Senhor morto, em Santa Teresa, Rio/RJ.
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