quarta-feira, 16 de maio de 2012

A morte do poema



a escuridão

vence as estrelas

escondendo  os personagens

da janela mágica

 

o corpo do poeta é

pés descalços sobre cerâmica fria

seu olhar anseia vento vivo

que desfaça o céu de nuvens

 

a poesia aceita o diadema

que a mansidão lhe oferece

o adorno de vidro

aprisiona  a rebeldia nos cabelos

 

os vizinhos dormem seus dias

telhados permanecem além e áridos

só o cálice vazio sobre a mesa

acompanha  a morte do poema

 

a extensão daquela inação

ultrapassa o cume dos montes

aves noturnas gritam em suas asas

o mistério na noite é rito de passagem


Márcia Leite
Imagem: The face of genius, R Magritte

2 comentários:

PAULO TAMBURRO. disse...

Que belíssimo poema, MÁRCIA e ainda não perdí as esperanças de tê-la visitando meu blogues.

Um dia consigo!

Sou carioca, não desisto nunca!

Abração.

Márcia Leite disse...

Obrigada, Paulo.
Já te visitei há tempos atrás, após tua primeira visita (só não lembro em qual dos teus blogs) e deixei comentário. Agora estou seguindo o Humor em Textos.
abs
ML