a escuridão
vence as estrelas
escondendo os personagens
da janela mágica
o corpo do poeta é
pés descalços sobre cerâmica fria
seu olhar anseia vento vivo
que desfaça o céu de nuvens
a poesia aceita o diadema
que a mansidão lhe oferece
o adorno de vidro
aprisiona a rebeldia nos cabelos
os vizinhos dormem seus dias
telhados permanecem além e áridos
só o cálice vazio sobre a mesa
acompanha a morte do poema
a extensão daquela inação
ultrapassa o cume dos montes
aves noturnas gritam em suas asas
o mistério na noite é rito de passagem
Márcia Leite
Imagem: The face of genius, R Magritte
2 comentários:
Que belíssimo poema, MÁRCIA e ainda não perdí as esperanças de tê-la visitando meu blogues.
Um dia consigo!
Sou carioca, não desisto nunca!
Abração.
Obrigada, Paulo.
Já te visitei há tempos atrás, após tua primeira visita (só não lembro em qual dos teus blogs) e deixei comentário. Agora estou seguindo o Humor em Textos.
abs
ML
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