terça-feira, 5 de junho de 2012

modus perversus





não é sempre que vivo em bondades
ainda não recebi as asas prometidas
nem comecei o caminho das santinhas
até  meu pai, homem digno de doer
teve lá seus pecados de intolerância
às vezes penso maldadezinhas
e não me penitencio por isso


Márcia Leite, para O voo como saída

2 comentários:

Sayonara Salvioli disse...

Perfeita acepção, querida poeta! O "modus perversus" é mesmo uma necessidade sentenciada pelo mundo. De qualquer modo, penitência nunca, principalmente aos "loucos e santos" já preconizados por Wilde...
Seu verso é forte! Sua alma é grande! Mas o universo dos homens vem sendo construído sobre pilares nada sustentados... E isso dá ao poeta o exato sentimento (do momento) de mundo!...

Márcia Leite disse...

Minha querida Sayonara Salvioli, a tua pupila, que tão bem conheço, é uma das minhas escolhas sem erro, desde a primeira visão no século passado (e justamente na hora do 'tarot', lembra?). Admiro a tua rica arte, que me transporta, e delicia, às cores e humores dos personagens do cotidiano (e muito além do imaginário comum) e à tua alma nada, nadinha pequena. "Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril."