quarta-feira, 18 de julho de 2012

aramaico




não preciso de reverências 
nem de explicitudes
eu gosto é da perplexidade

só relaxo quando à sombra da árvore mãe
e sou delirante o bastante
para morrer de saudade de quem ainda não conheço

aprecio o valor que não alcanço
desprezo palavras que odeiam
tanto quanto as algozes

sinto dolorosa compaixão
pela tristeza no olhar dos loucos mansos
o vermelho no dos violentos me aterroriza

mudanças me entusiasmam
mas tenho grande dificuldade
para finalizar o que se arrasta

não li a maioria dos filósofos
nem pretendo fazê-lo
tenho outras prioridades

nunca fui craque em palavras cruzadas
troco amiúde o nome das pessoas
ainda não aprendi aramaico
                     ( e quando me sinto péssima é só por isto).

Márcia Leite, em Lua atravessada
Imagem: http://www.gliscritti.it/gallery3/index.php/album_001/Gerusalemme/padre-nostro-aramaico

6 comentários:

Unknown disse...

Muito bom! Auto-biogarafia sincera.Resya saber se é do autor ou do eu-lírico!

Muita paz!

Márcia Leite disse...

Oi, Cristiano, vc sabe bem que tem uma hora que o autor e o eu-lírico se misturam. Mas a resposta é parte do mistério.
abs

bemsalgado disse...

Sendo quem "de morrer de saudades de quem ainda nâo conheço", vejo em você a minha alma gémea.

Porem, esqueça do aramaico, você está predestinada a falar chinês, como eu, e também a conhecer Vigo.

http://beminvitados.blogspot.com.es/2012/04/de.html

Até lá.

Márcia Leite disse...

Vigo é lindo!:)

bemsalgado disse...

Entâo o chinês nâo?

bs

Márcia Leite disse...

Sim, o chinês também. A China, sua cultura (não falo da atual, que me desagrada na perda da delicadeza, mas enfim...) é um encanto antigo. Já tentei o japonês, não deu muito certo à época.