não preciso de reverências
nem de explicitudes
eu gosto é da perplexidade
só relaxo quando à sombra da árvore mãe
e sou delirante o bastante
para morrer de saudade de quem ainda não
conheço
aprecio o valor que não alcanço
desprezo palavras que odeiam
tanto quanto as algozes
sinto dolorosa compaixão
pela tristeza no olhar dos loucos mansos
o vermelho no dos violentos me
aterroriza
mudanças me entusiasmam
mas tenho grande dificuldade
para finalizar o que se arrasta
não li a maioria dos filósofos
nem pretendo fazê-lo
tenho outras prioridades
nunca fui craque em palavras cruzadas
troco amiúde o nome das pessoas
ainda não aprendi aramaico
( e quando me
sinto péssima é só por isto).
Márcia Leite, em Lua atravessada
Imagem: http://www.gliscritti.it/gallery3/index.php/album_001/Gerusalemme/padre-nostro-aramaico
6 comentários:
Muito bom! Auto-biogarafia sincera.Resya saber se é do autor ou do eu-lírico!
Muita paz!
Oi, Cristiano, vc sabe bem que tem uma hora que o autor e o eu-lírico se misturam. Mas a resposta é parte do mistério.
abs
Sendo quem "de morrer de saudades de quem ainda nâo conheço", vejo em você a minha alma gémea.
Porem, esqueça do aramaico, você está predestinada a falar chinês, como eu, e também a conhecer Vigo.
http://beminvitados.blogspot.com.es/2012/04/de.html
Até lá.
Vigo é lindo!:)
Entâo o chinês nâo?
bs
Sim, o chinês também. A China, sua cultura (não falo da atual, que me desagrada na perda da delicadeza, mas enfim...) é um encanto antigo. Já tentei o japonês, não deu muito certo à época.
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