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A
Poesia mantém-se viva não apenas através das veias de seus autores ou
da leitura de seus apaixonados e nos muitos eventos literários com seus brados e rituais tribais. Vive também através dos frenéticos - bem vindos -
transmissores da internet, navegando mares cibernéticos e distribuindo palavras num turbilhão de vozes, ampliando seus domínios e vitalidade. Pena que algumas letras se perdem e criam atalhos que aniquilam a escritura. É nos versos desvirtuados do poético que uma nova tribo se formou: a dos alpinistas literários. Quem são os “alpinistas literários”, reversos de nossos versos? O que aqui chamo de ‘alpinista literário’, é aquele que se utiliza do poema para, uma vez no círculo dos devotos da Poesia, alcançar alguma notoriedade, apelando para atitudes e palavras antiéticas, num mundo que - acredita ele - o destacará da multidão (?), amenizando sua noite infértil. A intenção maior é a autopromoção, e, para tal, o vaidoso, o antipoeta, não mede esforços, muitas vezes, tripudiando, com palavras e comentários grosseiros e desdenhosos, qualquer
um que lhe pareça (embora nunca o vá confessar!) ameaça ao status (?)
conquistado, ou que acredite não ser ‘importante’ para sua ascensão. Ora, ser poeta (pelo menos, como eu entendo o exercício da poesia) não é (apenas)
carregar medalhas no peito, vestir fardões, publicar livro, receber
prêmios, ou saltitar de evento em evento ao modo das socialites. O poeta
jamais vive, ou viverá, unicamente, voltado para si mesmo, ele é
habitado por miríades de outros seres e paisagens, é porta-voz,
observador compulsivo, das infinitas formas, dúvidas, qualidades,
defeitos, alegrias, dores e amores. O poeta deseja é ser parte da
multidão e passar despercebido para melhor observá-la, já que dela se
alimenta. O que ele (o alpinista) não alcança - súdito da vaidade
exacerbada - é que a Poesia enxerga além. O poeta é um louva-deus no
jardim da humanidade, nunca um gafanhoto.
Márcia Leite, em DELET@VEIS
http://revistaapperj.blogspot.com.br/2012/03/e-deletveis.html
Fundada em 11 de abril de 1989, a Associação Profissional de
Poetas do Estado do Rio de Janeiro é a primeira e única associação
aberta de poetas e declamadores de poesia no país. Foi iniciativa do
mestre e professor Francisco Igreja. Essa instituição conta com mais de
quatrocentos associados no Brasil e no exterior.
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